sexta-feira, 30 de abril de 2010

Reinado do Caboclo



Pois aqui estou e me sinto um rei.
Não estudei, mas foi da terra que me criei.

O meu reinado é um chão arado de terra e riacho.
O meu trono minha cadeira de descanso e o meu
Castelo é o meu teto feito de terra e cimento.

Não sou doutô, mas conheço o tempo.
Sei quando vai chuvê e pelo sor vejo a hora corrê.
Num fui na escola aprendi cum minha mãe e cum meu paizinho
Que com a simplicidade me ensinô ser um cabloquinho.

A enxada é minha máquina
O meu braço o motô
E o que planto é o combustive do meu amor.
Criei um reino com rei e rainha
Cuidei de seis vaquinha e alimentei ás minha cria.

Hoje estou só, feito uma novia
Esperando o dia que a coroa que o meu pai me deixou
Eu passe para o fio que nunca me visitou.

O reinado do caboclo nunca se acabou
O mato cresceu e os pé de fruta morreu
O seu fio que nunca apareceu, voltou
E não o encontrou.

Abriu a porta da velha palhoça e no trono
Do seu pai a coroa que ele deixou.
Seu filho ajoelhou e chorou.

Paizinho nunca fui um caboclinho
Mais aprendi com carinho tudo que senhor ensinou
Hoje sou doutor e foi o seu suor que me formou.
Volto pra casa pra tocar tudo o que senhor me deixou.

Pena que seja tarde, pois o senhor não está mais aqui
Mas prometo que minha família será rica e simples
Como o senhor sempre desejou.

Autor: Gui Venturini